quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Dois jornais, mesmas idéias

Frequentemente, os veículos de comunicação apresentam simultaneamente a cobertura de um mesmo evento. Daí porque muitas semelhanças podem ser percebidas para quem lê dois jornais diariamente. Mas interessante mesmo é quando acontecem semelhanças visuais no tratamento da matéria.

Um exemplo desse "jogo de espelhos" pode ser visto na edição do dia 11 de novembro de 2010 da Folha de SP e do Estado de S. Paulo. Ambos os cadernos de cultura dos jornais trouxeram matérias sobre o "Coletivo Guerrilla Girls", um grupo de artistas que se apresenta em com máscaras de gorila para homenagear grandes mulheres - pintoras, fotógrafas, escritoras, artistas de diversas épocas e nacionalidades.

Entre o material de divulgação havia várias fotos do grupo...



Encontrava-se também uma fotografia onde um dos participantes aparecia, de perfil, usando uma máscara de gorila. É de fato uma foto muito bonita e de belo recorte.









Eis as duas páginas. Á esquerda o Estado de S. Paulo e à direita a Folha:

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Ponte estaiada de São Paulo

Considerada o novo cartão-postal da cidade, a Ponte Estaiada Octavio Frias de Oliveira foi inaugurada em 2008. A construção é a maior do mundo a “segurar” duas pistas em curva por cabos de aço e uma única “torre” de concreto – a técnica se chama estaiagem – e ligará a Marginal do rio Pinheiros à av. Jornalista Roberto Marinho. Na época de seu lançamento vários meios de comunicação apresentaram o projeto com infográficos.






O jornal Folha de SP fez este infográfico:





























O Estado de S. Paulo e o Jornal da Tarde apresentaram aos seu leitores este info logo depois:









O G1 teve uma abordagem diferente. Eles criaram um "tour virtual" que permitia ao internauta observar a Ponte tanto do ponto de vista de um carro quanto em um sobrevôo de helicóptero...

Confira no link:
http://g1.globo.com/Noticias/SaoPaulo/0,,MUL465174-5605,00-PONTE+DE+METROS+E+INAUGURADA+NA+ZONA+SUL.html#asa







sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Como foram criados os graficos do IDH do ESTADÃO

Este post mostra outro bastidor de um infográfico. No dia 5 de novembro o jornal O ESTADO de S. PAULO publicou uma série de matérias sobre os resultados da pesquisa preparada pelo Programa das Nações Unidas para Desenvolvimento (PNUD) sobre o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Foram 169 países analisados.

O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) reúne três dimensões para avaliar os países: riqueza, educação e expectativa de vida. O IDH 2010 trouxe também uma versão do índice — o IDH-D — que considera a desigualdade interna - especialmente a de renda

O ranking de desigualdade foi preparado a partir de um série complexa de dados. O inconveniente é que a quantidade de números é tão grande que torna difícil comparar países específicos dentro da lista dos 169. O clássico mapa que mostra o recorte da situação dos países por cores já tinha seu lugar definido. A lista formal do ranking dos 169 países também. Mas o principal desafio da equipe de infografia do ESTADÃO foi criar uma maneira visual de interpretar os principais dados da pesquisa.

O conceito primordial de um gráfico desse tipo (com grande quantidade de dados) é que ele não deve mostrar de "maneira enciclopédica" os números da pesquisa. Um gráfico massivo como esse deve sim "revelar tendências" e permitir comparações visuais dessas tendências. Dessa forma, o que nos importa não é saber qual é o número do IDH do brasil, mas sim observar a posição do Brasil em relação aos outros países.

O trabalho de execução começou quando o repórter Alexandre Gonçalves compilou os dados (IDH, IDHD etc) do documento de 253 páginas divulgado pelo PNUD. Esses dados foram transformados em uma enorme planilha de Excell

De posse desse Excell, o infografista Eduardo Asta fez uma análise que nos permitiu escolher os dois dados que seriam a base para nosso infográfico. Ele gerou uma série de gráficos preliminares, para que nos permirtisse visualisar as tendências e movimentações do gráfico.

Nesse meio tempo eu (Rubens Paiva) tentava definir um visual para os dados. O desafio era mostrar os IDH e IDH-D dos 169 países de uma maneira fácil para o leitor. Decidimos que cada bloco continental teria seu próprio ranking definido pelo IDH (uma bolinha escura) e que o IDH-D seria usado para sinalizar o impacto do quoeficiente da desigualdade no país.

Precisamos da ajuda de mais dois infografistas nessa altura. Marcos Brito veio auxiliar a mim e ao Asta no grande gráfico do IDH






Obviamente, o primeiro gráfico gerado foi o do IDH e do IDH-D dos 169 países, ordenados pelo ranking, como pode ser visto aqui:

O problema desse gráfico é que ele mostra o óbvio, uma verificação de que os países no topo do ranking tem IDH alto, enquanto os países do fim têm IDH baixo. Outro problema dessa forma de apresentação é que o gráfico dificulta fazer comparações mais interessantes, como ver a situação do Brasil comparada a outros países sul-americanos.

Começamos a experimentar outras mamneiras de apresentar a pesquisa. Então decidimos que iríamos propor uma leitura diferente: reuniríamos os países por continentes, abrindo mão do ranking geral. Queríamos mostrar os contrastes e as tendências dos países dentro de seus continentes, ou seja, dentro de suas realidades geográficas. Isso exigiu uma reformulação completa da planilha de dados...


Assim, teríamos o IDH representado por um ponto escuro e o IDH-D como um ponto vermelho. A distância entre os dois pontos corresponde, de certa forma, à intensidade da desigualdade existente no país.

Posicionamos as "pontos" seguindo um gráfico dos dois índices mostrados em barras duplas. Para a edição tínhamos três gráficos em andamento: O ranking propriamente dito, o mapa mundi e o IDH vs IDH-D.


Várias versões foram montadas para o gráfico. Nesse processo, acolhemos opiniões dos repórteres e de outros infografistas da equipe. Tudo para melhorar o entendimento dos dados

O resultado compensou o esforço da equipe de infografia e de reportagem. Com todos os dados aplicados, o reporter Alexandre Golçalves pode criar "hipertextos" para explicar certas tendências mundias, assim como pormenorizar os dados Brasileiros dentro do gráfico.

Ficou bastante claro como o continente africano se encontra praticamente à margem do resto do mundo. Também ficou bastante óbvio como os países sul-americanos apresentam forte desigualdade na distribuição de renda

O Brasil foi o país que mais avançou no ranking do Índice de Desenvolvimento Humano. Um desempenho significativo, sobretudo diante do cenário de estagnação revelado pelo estudo. Dos 169 países analisados, 116 mantiveram a posição apresentada em 2009 e 27 tiveram desempenho pior. Além do Brasil, somente outros 25 conseguiram melhorar a classificação,
de acordo com o relatório.

Eis as páginas da matéria do ESTADÃO:

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Bastidores de um infográfico

Este post é dedicado a explicar como um infográfico foi feito. Acho interessante que outros profissionais da área tenham contato com a maneira que outros designers trabalham para produzir seus infos. Pedi esse "CASE" para um super profissional, o Eder Reder. CLIQUE NAS IMAGENS PARA VÊ-LAS AMPLIADAS

Segue a descrição nas suas próprias palavras:

"Essa é uma matéria que fiz para a revista Placar, ela apresenta vários gráficos sobre os torcedores brasileiros. Na primeira dupla o principal gráfico mostra quais as maiores torcidas. "


Algumas das referências de estilo visual:



Também algumas referências de torcida:







"No começo, pensei inúmeras maneiras de representá-lo, mas percebemos que usar as barras seria mesmo o mais didático. Assim, o desafio era integrar as barras à página, deixando grande suficiente por sua importância sem parecer um chato relatório anual, rs. "

"Então aproveitei a "escadinha" que o ranking fazia e ilustrei, acompanhando esse movimento, a arquibancada do estádio, afinal, é dela que estamos falando e não dos jogadores. E de maneira mais sutil, os quatro principais times aparecem nas camisetas dos torcedores atrás do gráfico."



Eis o primeiro Layout:





"Nessa abertura, além desse gráfico principal entraram mais outros dois sobre a freqüência dos jogadores nos estádios. Um mostra as idades e outro as classes sociais. Como ambos tratavam do mesmo assunto, e eram gráficos pizza, ilustrei cada um na metade da arquibancada de um estádio. Dessa forma, consegui juntar visualmente as duas histórias."



Aqui o infográfico finalizado:





Eder Reder é editor de arte da Revista Saúde!, da Editora Abril. Já ganhou o prêmio Abril e o Malofiej de infografia. Tem 10 anos de profissão