quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Entrevista sobre o papel do jornalista na Infografia

Trabalhando em equipe: a arte do infográfico

Entrevista feita para o BLOG do curso de treinamento para jornalistas do Jornal O Estado de S. Paulo. Link para o blog dos focas aqui

Entrevista feita em 29 de outubro de 2010
Marina Estarque, de 23 anos, é formada em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Integrou o treinamento do Estadão de 2010




Neste início de carreira como jornalista, já cometi muitos erros. Mas o mais constrangedor deles envolvia um infográfico. Procurando evitar novos deslizes, fui conversar com Rubens Paiva, infografista do Estado, para saber mais sobre o assunto.


Meu maior equívoco na época foi achar que a minha responsabilidade como jornalista acabava tão logo eu entregava o texto ao infografista. Ingenuamente, pensava que não interferir no trabalho do profissional era um sinal de respeito. Afinal, ele sabia o que estava fazendo e eu… Bom, eu nunca tinha feito um infográfico.



















Minha opinião mudou rapidamente quando Rubens começou a falar: “O repórter tem que estar preocupado com a melhor maneira de passar a informação. Ele deve pensar na página como um conjunto coerente.”





Como o experiente profissional ressaltou, o jornalista deve estar presente durante todo o processo da infografia. “O repórter é aquele que mais possui intimidade com o tema da matéria e, por isso, a boa comunicação entre as partes é crucial”, disse.



















Rubens recomenda que o jornalista, ao perceber em uma reportagem o potencial para a infografia, converse com o profissional de arte antes de iniciar a apuração. Isso ajuda o repórter a entender que tipo de dado será necessário para o infográfico. Nem sempre isto é óbvio para nós, acostumados a pensar em palavras e não imagens.

Ainda que não estejamos habituados com a prática, apresentar ideias para o infográfico é considerado positivo, contanto que o jornalista esteja aberto para ouvir o especialista. “Ouça o infografista. Se ele disser que alguma coisa não dá certo, acredite”, aconselha Rubens.



















Conversando com ele, percebi que um dos segredos para um bom infográfico é  o trabalho em equipe. Cabe a nós fazer a nossa parte. Disso depende a harmonia do produto final.

VEJA AS DICAS DO INFOGRAFISTA PARA, NÓS, JORNALISTAS:

- O texto do infográfico é um hipertexto e tem um estilo próprio. Tirar frases da matéria para jogar na arte não é um bom método.

- Use períodos curtos e seja direto. Cada pedaço de texto deve conter uma ideia, uma unidade de informação.

- O texto deve ser, acima de tudo, didático. Quanto menos emoção e elementos estilísticos, melhor.

- Você vai precisar não só de números, mas de uma ordem lógica, que, às vezes, pode ser a inversa da matéria. Na reportagem, vamos direto ao assunto no lead e o contexto pode vir somente no último parágrafo. Já no infográfico, o raciocínio mais eficiente leva o leitor da idéia geral, para o particular.

- Lembre-se que o infográfico precisa funcionar sozinho, isto é, ele possui autonomia na página. Isso significa que o leitor deve poder entendê-lo sem precisar recorrer ao texto.

- Fugir do conteúdo da matéria no infográfico é normal. Ele serve para isso mesmo: transmitir informações que, por serem mais técnicas ou processuais, por exemplo, são mais bem entendidas visualmente.

- As imagens têm que acrescentar informação nova. Não podem estar lá somente para deixar a página mais bonita ou “para dar uma bossa”.

- Evite a redundância de informações no infográfico e no texto. Elas podem ser repetidas somente quando são indispensáveis para a argumentação do repórter.

- Se o infográfico será baseado em dados de uma pesquisa, não se esqueça de pedi-la na íntegra. É preciso ter em mente que a falta de certas informações podem inviabilizar o trabalho.

- Na maioria das vezes, o infográfico tem um título e uma linha fina. Preocupe-se mais em transmitir qual é o assunto e menos com títulos bombásticos. A linha fina deve funcionar como um lead pequeno.

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